Variações para Piões n.º 2 




    "Variações para Piões n.º 2 (partitura #1)” é uma obra gráfica que surge como registo visual de uma investigação multidisciplinar centrada no pião enquanto objeto sonoro. Este projecto-pesquisa, que se tem vindo a desdobrar entre a escultura, a performance, o som, o vídeo e o desenho, experimenta e desenvolve-se a partir das fronteiras entre movimento, som e expressão visual, e, sobretudo, explora as possibilidades cinéticas e acústicas deste objecto ancestral. Em “Variações para Piões n.º2” a partir da técnica calcográfica da água-forte, foi possível capturar de forma direta o movimento do pião em ação. A matriz metálica transforma-se num campo de registo onde o pião age como ponta-seca que desenha órbitas e trajectórias precisas e imprevisíveis. O resultado são padrões circulares de extrema minúcia, que oscilam entre o rigor geométrico e a aleatoriedade gestual, evocando tanto desenhos mecânicos autogenerativos digitais/computarizados, quanto possíveis registos orgânicos de fenómenos naturais. As linhas gravadas na matriz de zinco revelam trajetórias paradoxais – ora precisas, ora erráticas – que se entrelaçam em composições dinâmicas. São órbitas circundantes, magnéticas, sobrepostas, em que sugerem microcosmos em rotação, mapas de planetas imaginários ou diagramas de partículas em colisão. Esta forma de “automatizar”o desenho, além de traçar um percurso visual hipnótico, converte-se ao mesmo tempo numa partitura gráfica da composição sonora gerada pelo pião. Cada sulco, órbita e intersecção de linhas, é uma transcrição da vibração, frequência e ritmo, estabelecendo uma ponte entre o desenho e a música, entre o gesto e o som. Assim, a gravura resultante materializa um diálogo entre física e estética, entre o movimento concreto do pião e as suas ressonâncias abstratas, propondo uma cartografia de universos possíveis, onde a rotação se transforma em som e o som se materializa em desenho.



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